quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Vestimentas sustentáveis

Conceitos como responsabilidade social e desenvolvimento sustentável estão conquistando espaço nas passarelas e vitrines do Brasil. Grandes marcas tem colocado no mercado roupas chiques, casuais e esportivas, produzidas com materiais reciclados e com pouco consumo de recursos naturais. É o caso da marca esportista Mizuno, que tem uma coleção composta por T-shirts desenvolvidas em um tecido que mistura algodão e PET e tênis valorizados por detalhes em materiais reciclados.

Para a confecção de uma camiseta são utilizadas duas garrafas. O PET reciclado recebe tratamentos especiais para atender a demanda da indústria da moda. “A preocupação da marca com o desenvolvimento sustentável começou em 1991, quando a Mizuno Internacional lançou o programa CREW21, que tem como um dos focos produzir peças que utilizem materiais reciclados e ecologicamente corretos”, destaca o gerente de vestuário, Alexandre Coletti.

Outras marcas também já entraram na onda verde. Para as estações primavera/verão 2008, a Rainha traz camisetas masculinas e femininas com algodão orgânico, cujo cultivo é menos danoso ao solo que o do algodão convencional e não utiliza agrotóxicos e adubos químicos. Já a Timberland tem em seus estoques camisetas, jaquetas, camisas e calçados feitos com PET, algodão orgânico e borracha reciclada. “Em um dos centros de distribuição, a empresa utiliza 1.932 painés solares para a produção de energia elétrica e nos Estados Unidos foi inaugurada a primeira loja com 100% de materiais reciclados e orgânicos”, conta o diretor da Timberland, Gumercindo Moraes Neto.

Mas o conceito sustentável não é exclusividade da moda esportista. A marca carioca Ciclo Ambiental também tem uma linha feita com materiais reciclados. Ao contrário das outras, todas as peças da confecção são produzidas a partir de fibra de garrafas PET, coletadas e recicladas a partir de rejeitos urbanos industriais. Cada peça leva 50% de algodão natural e 50% de fibra.

“As garrafas são compradas do projeto Vida Limpa de Diadema (SP), o primeiro do País reconhecido e apoiado pelo governo local, que potencializa o catador como empreendedor e paga a parte por essa coleta diferenciada”, conta a proprietária e presidente da Ciclo Ambiental, Isabele Delgado. Também no caso da Mizuno o processo de compra das garrafas promove o desenvolvimento local, com a geração de trabalho e renda. “O PET colabora com a inclusão social, pois as garrafas são coletadas por catadores de lixo e entregues a uma cooperativa que descaracteriza e limpa as garrafas”, explica Alexandre Coletti.

Bom para o meio ambiente e para o bolso

Ao produzir as peças ecologicamente corretas, as marcas não estão preocupadas somente com a meio ambiente. Ter um comportamento socialmente responsável também traz ganhos para o bolso. Pesquisa realizada pelo Instituto GFK Indicator em parceria com a Revista Consumidor Moderno mostrou que 78% dos entrevistados se sentem muito responsáveis pela preservação ambiental. Com abragência nacional, o estudo teve a participação de 298 pessoas.

“A procura por esses produtos tem confirmado que o consumidor atual é mais exigente e está mais atento às marcas que demonstram preocupação com a preservação do meio ambiente. Eles preferem comprar produtos ecologicamente corretos de empresas que valorizam a sustentabilidade ambiental”, garante Alexandre Coletti. “Desde que iniciei a empresa, em 2002, a venda tem crescido. Em contato com o consumidor percebo que mais do que um alívio por ter surgido um produto que desse um novo rumo para o que ele descarta diariamente, existe também um desejo de mudar e fazer parte de iniciativas que de fato beneficiem sua vida”, avalia Isabele Delgado.

Essa visão é comprovada com dados concretos. A pesquisa Descobrindo o Consumidor Consciente realizada pelo Instituto Akatu em 2003 nos estados de São Paulo, Recife e Porto Alegre, apontou que 76% da amostra (200 entrevistados) toparia pagar mais por um produto não danoso ao meio ambiente. “Esse é um mercado pequeno, mas com bom potencial de expansão. Isso dependerá da divulgação desse conceito na mídia, do desenvolvimento de novos fornecedores, melhorando a escala para melhorar o preço final ao consumidor e do aumento da conscientização da sociedade, que é um processo de médio prazo”, conclui Gumercindo Moraes Neto.


Fonte: Responsabilidadesocial.com - http://www.responsabilidadesocial.com/article/article_view.php?id=528

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